Paginas

terça-feira, 9 de outubro de 2012

De 'moleque' a titular: Grohe viaja no tempo e revisita 12 anos de Olímpico


Ele tem apenas 25 anos, mas já faz parte da história de um gigante azul de mais de meio século. É bem provável que Marcelo Groheseja o último goleiro a atuar no Olímpico. E o primeiro a jogar na Arena, nova casa do clube.
Essa "sorte" de estar no lugar certo e na hora certa pode ser, na verdade, entendida como uma recompensa pela insistência. Grohe chegou ao Grêmio com apenas 13 anos e é o atleta com mais tempo de clube no atual elenco. Ninguém conhece o Olímpico como o camisa 1.
- Para mim, ainda é uma sensação estranha pensar que tudo isso vai ser demolido. Passei quase metade da minha vida aqui dentro. É uma rotina que vai mudar - pondera, entre a melancolia e a expectativa.
A convite do GLOBOESPORTE.COM, Marcelo Grohe retornou aos lugares mais marcantes de sua vida no Olímpico. Corredores, vestiários, campos e refeitório - tudo leva o goleiro à alguma recordação. Em sua mente, o estádio jamais virará pó.
marcelo grohe grêmio especial adeus, olímpico (Foto: Bruno Junqueira/TXT Assessoria)
Natural de Campo Bom, na Região Metropolitana de Porto Alegre, pegava uma van e atravessava 56 km de asfalto até chegar ao estádio. Todo o dia. Ao sair da escola, por volta das 12h, se deslocava até a estrada mais próxima para esperar o transporte. A viagem durava uma hora e trinta minutos. Depois de treinar, mais uma vez, aguardava o motorista para retornar a sua casa. Ou melhor, sua primeira casa, porque o Olímpico já estava se tornando igualmente um lar.
De 19 de setembro, data da inauguração do Olímpico, até dezembro, na abertura da Arena, o GLOBOESPORTE.COM traz matérias especiais sobre a memória da atual casa tricolor
- Eu lembro que a gente comprava salgadinhos e refrigerante de dois litros. Tudo isso para esperar a van em frente ao vestiário. Coisa de moleque mesmo.
Encostado no pilar em que esperava o veículo, Marcelo recorda que, naquela época, quando ainda atuava na equipe sub-13, nem sonhava que ganharia a titularidade anos depois, na temporada de despedida do Olímpico. Conviver com os colegas no estádio parecia mais uma diversão do que a profissão que escolheria para a vida inteira.
- Cara! Esse foi meu primeiro vestiário - dispara, ao entrar no local que antigamente o acolhia.
Os anos passaram, e os funcionários que cuidam do espaço mudaram. Marcelo pede licença. Não precisa. Todos o tratam como um amigo de longa data. As atividades nas categorias de base criaram a forte ligação entre o atleta e a casa tricolor.
marcelo grohe grêmio especial adeus, olímpico (Foto: Bruno Junqueira/TXT Assessoria)
Até mesmo os dias de chuva eram motivo de diversão. Deixavam de treinar no Centro de Treinamentos de Eldorado do Sul, na Região Metropolitana, para percorrer os corredores mais remotos do Olímpico.
- Eu lembro que a comissão técnica, quando chovia, mandava a gente correr nos espaços cobertos do estádio. Assim, a gente ia na arquibancada, nos corredores. Era um monte de criança correndo por aqui.
Acostumado a viajar de segunda a sábado de Campo Bom a Porto Alegre, Grohe tomou o Olímpico como segunda morada. Nas oportunidades em que os jogos eram marcados para domingo, pernoitava no estádio. O antigo dormitório não abriga mais os atletas das categorias de base do time, mas as recordações continuam.
- Não foram tantas vezes. Mas eu lembro que não queria voltar na sexta-feira para Campo Bom. Preferia ficar por aqui, porque assim treinávamos no sábado para jogar no domingo.

Fominha, não esquece nem o cardápio
Marcelo passou também pelo time sub-14, juvenil e júnior. A exigência ficou maior, e os treinos foram estendidos para o turno da manhã. Foi quando Grohe se mudou para Porto Alegre, aos 17 anos. Não poderia escolher outro lugar para viver, que não fosse próximo ao Olímpico. Morava a apenas uma quadra de distância, com mais três amigos. Ia a pé para o estádio. Almoçava e jantava com os companheiros. Até mesmo o cardápio do refeitório está na lembrança do jogador.
- Comíamos sempre feijão, arroz, uma carne e salada. Às vezes, tinha massa. Bebíamos suco e tínhamos direito a pegar uma sobremesa. A porção não éramos nós que escolhíamos. Tinha uma 'tia' que servia.
Não consigo imaginar que, futuramente, vou passar por aqui
e não enxergar o estádio"
Marcelo Grohe
Seu primeiro jogo como profissional foi em 2006, com o técnico Mano Menezes. Em meio a tantas memórias, fica difícil escolher a defesa mais emblemática. Mas Marcelo se esforça.
- Acredito que um dos jogos mais marcantes foi a minha estreia em Gre-Nal. Sobre a defesa, é complicado falar. Mas escolheria uma cabeçada do Fernandão (atual técnico do Inter) neste primeiro clássico (em 1º de abril de 2006, 0 a 0, primeiro jogo da decisão do Estadual). Havia um nervosismo. A defesa foi um alívio - disse, lembrando que o Grêmio venceria o Gauchão ao empatar por 1 a 1 no confronto da volta, no Beira-Rio.

Demolição do Olímpico é assunto até no Coritiba
Desde que assumiu definitivamente a titularidade do gol tricolor em 1º de julho, contra o Atlético-MG, após a venda de Victor para o próprio time de Belo Horizonte, Grohe passou a ouvir inúmeros comentários de amigos e familiares sobre a demolição do estádio, que só deve ocorrer após o mês de março, quando a OAS, construtora responsável pela Arena, receberá o terreno no bairro Azenha.
- Eles me perguntam se tenho a noção de que posso ficar na história do Olímpico. Não consigo imaginar que, futuramente, vou passar por aqui e não enxergar o estádio.
marcelo grohe grêmio especial adeus, olímpico (Foto: Bruno Junqueira/TXT Assessoria)
As conversas acontecem também com os ex-companheiros de clube. Na última semana, falou ao telefone com Tcheco, atual auxiliar técnico do Coritiba, com duas passagens pelo tricolor - entre 2006 e 2007 e 2008 e 2009.
- O Tcheco, que está vendo de fora a situação, está sentindo bastante. Os jogadores do elenco atual estão focados no Campeonato Brasileiro. Mas ele, que está no Coritiba, disse que até mesmo lá se comenta muito sobre o assunto.
Parado no pátio, em frente ao estádio, Marcelo Grohe consegue visualizar a despedida. Imagina torcedores emocionados, como ele, em dezembro. A partida derradeira deve ser o Gre-Nal de encerramento do Brasileirão, em 2 de dezembro.
- Já pensou no último jogo? Vão ter pessoas chorando aqui dentro. Gente que não vai querer deixar o estádio, que vai querer invadir o gramado.
Grohe espera que o futuro na Arena reserve para ele os bons frutos que o ano de despedida do Olímpico está rendendo. Ele já está sofrendo, inclusive, uma pequena pressão. Mas não é por causa do futebol. A mãe e a sogra do jogador querem ir ao primeiro jogo da nova casa.
- Eu disse para elas que, se ganhar ingresso, levo as duas.
Marcelo Grohe completaria 13 anos de Olímpico em março de 2013. Isso não será possível. Mas os corredores e o gramado da Arena, ainda em construção, já esperam pelo camisa 1.
marcelo grohe grêmio especial adeus, olímpico (Foto: Bruno Junqueira/TXT Assessoria)

domingo, 30 de setembro de 2012

O primeiro reino de Pelé: lembranças e histórias do mito em Três Corações


É domingo, 23 de setembro de 2012, em Três Corações, cidade de ruas estreitas, de olhar contemplativo, de horas que dão tempo ao tempo. Pelé, acompanhado de Edinho, adentra uma casa. Na casa, adentra um quarto. No quarto, olha para uma caminha, com uma roupa de bebê sobre ela, e balbucia para o filho:
- É meu berço...
Não é. O berço onde Pelé primeiro agitou suas pernas foi destruído pelo tempo. A exemplo do quarto. A exemplo da casa. O que encanta o maior jogador de futebol de todos os tempos é, na verdade, uma réplica do cenário de sua infância. Foi tudo reconstruído - cada parede, cada porta, cada móvel -, em um gesto da cidade do Sul de Minas Gerais para se reaproximar de seu filho mais ilustre.
Pelé árvore comemoração Três Corações especial (Foto: Alexandre Alliatti / Globoesporte.com)
No mesmo domingo em que inaugurou a réplica de sua casa (agora aberta ao público), Pelé concedeu uma entrevista coletiva no salão onde um hotel de Três Corações serve o café da manhã a seus hóspedes. O clima, inclusive entre jornalistas da região, era de encantamento - um repórter chegou a perguntar ao organizador do evento se deveria aplaudir o ex-jogador quando ele chegasse. Mesmo assim, a primeira pergunta direcionada a Pelé foi seca: por que ele não ia a Três Corações desde 1987?
Pelé comemoração Três Corações especial (Foto: Alexandre Alliatti / Globoesporte.com)
O Rei não gostou. Disse (em tom amável, mas disse) que o perguntador estava mal-informado. Garantiu que havia visitado a cidade uns dois ou três anos atrás. Mas o próprio perfil de Pelé no Twitter informou que sua última aparição em Três Corações datava de 25 anos. Nenhuma das dezenas de pessoas com quem a reportagem do GLOBOESPORTE.COM conversou durante quatro dias na cidade tinha lembranças da recente visita mencionada pelo mito.
O distanciamento entre Três Corações e Pelé vinha incomodando boa parte dos tricordianos. O município passou anos sem se preocupar em vincular seu nome a um dos sujeitos mais famosos que a humanidade já criou. Tinha duas estátuas, um pedaço da Casa de Cultura e uma rua dedicadas a ele. Muito concreto e pouca ação prática. O argumento de que é difícil levar Pelé à cidade não convencia mais, especialmente na comparação com o alarde que Varginha, cidade vizinha e um pouco rival, faz com um ET que, dizem, foi visto por lá.
- O ET nunca vai a Varginha e tem uma festa do caramba para ele - resumiu Adílson Paiva, figura popular na cidade, um dos jogadores mais talentosos que a região já conheceu.
Nos anos seguintes, Três Corações mais pediu ajuda financeira a Pelé do que soube usar sua marca. Houve casos em que governantes da cidade e dirigentes do clube solicitaram a ele (inclusive quando foi ministro do esporte, nos anos 90) jogos de camisas e conjuntos de bolas. Faltava algo permanente, que atraísse turistas, que vinculasse o mito a seu berço. A esperança é de que a inauguração da casa comece a eliminar esse vácuo.A inauguração da casa de Pelé foi o evento mais marcante da cidade desde 1971, quando o ex-camisa 10, recém-saído do tricampeonato mundial com a seleção brasileira, foi a Três Corações com o Santos para um amistoso contra o Atlético Tricordiano. O time local venceu por 2 a 1, e Adílson Paiva, mencionado acima, fez o gol da vitória.
- Com esse evento, vou ficar aqui até a morte. Essa casa vai ficar me representando - disse Pelé no domingo.
O retorno a Três Corações foi uma redescoberta para Pelé. Ele deixou a cidade muito novo, com menos de cinco anos - segundo dona Celeste, mãe dele, o menino ficou lá até os três anos e meio, mas há outras versões. Foram tempos de pobreza, mas de brincadeiras e de aprendizado para o pequeno Edson, inicialmente apelidado de Dico - para depois ganhar a eternidade como Pelé.
certidão de nascimento Pelé Três Corações especial (Foto: Alexandre Alliatti / Globoesporte.com)
A infância do Rei
Pelé com seu irmão, Zoca (Foto: Arquivo Pessoal)
Rua Edson Arantes do Nascimento, número 1.000. O endereço indica que aquela não é uma casa qualquer. A moradia, construída há 102 anos, foi a base do lar capitaneado por Jorge Lino Arantes e Maria Naves. Eles tiveram dez filhos. A oitava da lista foi Celeste, que viria a se casar com João Ramos do Nascimento, popularmente conhecido como Dondinho, atacante dos bons, cabeceador raro. Em 23 de outubro de 1940, nasceu Pelé, neto de Jorge e Maria, filho de Celeste e Dondinho - uma certidão de nascimento exposta em uma cantina da cidade data seu nascimento para dois dias antes e erra o nome dele, grafado como Edison, com i.
Foi ali que ele passou os primeiros anos de vida. A família tinha dificuldades financeiras. Jorge carregava lenhas em uma carroça. Dondinho juntava trocados jogando futebol ou fazendo bicos como pintor. Amigos ajudavam como podiam. Enquanto isso, crescia um menino brincalhão, forte, mas que pouca atenção chamava dos vizinhos. Dico, eventualmente, brincava com as crianças na rua. Mas os olhares do tio Jorge, vigilantes, estavam sempre focados nele. E a criança ficava mais no pátio do que além do portão de madeira.
avós Pelé casa Três Corações especial (Foto: Alexandre Alliatti / Globoesporte.com)
Ele gostava mesmo era das jabuticabeiras. Via as bolinhas pretas e se espichava para catá-las. Não conseguia. Os galhos eram altos. A solução vinha mais tarde, quando seu avô chegava com a carroça. Pelé subia nela e, enfim, podia colher os frutos.
Perto dali, no estádio municipal, o Atlético era a sensação da cidade. E Dondinho, o pai de Pelé, iniciava a linhagem de estrelato da família. Em Três Corações, ele era o cara: adorado pelos companheiros, observado pelas mulheres, temido pelos zagueiros. Aos primeiros, oferecia sua amizade, seu companheirismo, uma fidelidade quase canina; às segundas, entregava seu charme de sedutor nato, de mulherengo instintivo; aos terceiros, fornecia derrotas implacáveis. Chegou a jogar no Atlético-MG, mas foi prejudicado por uma lesão no joelho.
Pele Dondinho Zoca (Foto: Ag. Estado)
A turma era das boas. Zezinho, Dunga, Fuad. E Nhozinho. Deles, quem sobrou foi Nhozinho. Tem 93 anos. Era lateral-direito do Raul Chaves, rival do Atlético na cidade. Mas reforçava o adversário contra oponentes de outras cidades. E fazia a festa de Dondinho. Cruzava na cabeça dele. E cruzamento na cabeça dele, diz a unanimidade em Três Corações, era gol.
- Eu não tinha nada a fazer, exceto cruzar a bola. Não tinha ninguém igual ao Dondinho. Não é uma questão de ser melhor ou pior: não tinha igual. Ele fazia gol a toda hora - lembra o ex-lateral.
Nhozinho tem saudade daquela época. Hora dessas, quer bater um papo com Dunga, zagueirão que protegia suas escapulidas ao ataque. Também quer prosear com Dondinho, lembrar os tantos gols que lhe deu de presente. Não lembra que ambos estão mortos. Não lembra que é o único atleta daqueles tempos ainda vivo.
- Tenho saudade dos companheiros. Fizemos muitas amizades. O Dondinho é gente boa. Gosta de contar anedotadas. Dá saudade às vezes...
Nhozinho, Dondinho, Dunga, Fuad e outros integrantes da turma participaram da conquista da Taça Guaraína em 1941. Foi feito um combinado de atletas da cidade (quase todos do Atlético) para a disputa do torneio na região. A rivalidade com Varginha foi levada ao extremo. E o time da cidade ganhou - Dondinho, claro, foi o destaque. Virou herói de vez. É, até hoje, a maior conquista do clube - ou a mais comentada, pelo menos.
Pelé na barbearia de Dunga (Foto: Arquivo Pessoal)
Victor Cunha, historiador da cidade, memória ambulante de Três Corações, lembra desse período. E lembra de Pelé, pequenino, acompanhando o pai até o estádio.
- O Dondinho era craque. Craque mesmo. Eu lembro do Pelé descendo de mãos dadas com ele para o campo. Disso eu lembro. O Dunga brincava muito com ele. Lembro dele chegando no campo. Ia muito em dia de jogo. Ficava lá com dona Celeste. Era uma criancinha - recorda Victor Cunha.
Criou-se, com base no futebol, uma grande família. Daniel Amadeu, 79 anos, lembra daquela época. Beirava os dez anos quando via o pequeno Dico, que depois viraria Pelé, brincando nas redondezas.
- Meu pai tinha uma mercearia na esquina e dava balas para o Pelé. Ninguém podia imaginar quem ele se tornaria. Era um menino muito tranquilo, como toda a família. O pai dele era uma pessoa de muito bom trato, muito educado, um fenômeno no futebol. O Pelé tem o futebol no gene, no sangue - comenta Daniel.
Dondinho era muito próximo de outro colega de time, Zezinho. Ele virou padrinho de Pelé. Sua esposa, dona Maria, automaticamente se tornou madrinha do menino. Ela tem 90 anos. No domingo passado, deu um abraço apertado em seu afilhado. Lembrou daquele menino de sete décadas atrás.
- Ele brincava muito. Era um menino levado. Brincava muito com outras crianças na frente da casa dele. Desde criança, a única coisa que ele gostava de ganhar era bola - lembra dona Maria.
galeria Pelé Três Corações Personagens (Foto: Editoria de Arte / Globoesporte.com)
Pelé chegou a Bauru (SP) em 1945, com quase cinco anos. Mas é difícil estabelecer exatamente quando ele deixou Três Corações. Há versões que apontam para um, dois, três, quatro e cinco anos de idade. Há dados controversos na cidade. Se Pelé recorda subir na carroça do avô para colher jabuticabas, não podia ser tão novo quando deixou a cidade. Por outro lado, algumas histórias contadas em Três Corações não encaixam no período em que ele viveu lá. Uma senhora de 70 anos, por exemplo, relata que uma vez Pelé puxou as tranças de seu cabelo e disse que casaria com ela. Em troca, ela garante que atirou uma pedra na cabeça dele. Teria o pequeno Edson idade suficiente para isso?
A passagem do tempo prejudica a memória sobre o curto período em que Pelé viveu em Três Corações. O interesse histórico de algumas pessoas da cidade (casos de Victor Cunha, citado acima, e de Jorge Bogarim, comerciante da cidade e ex-goleiro do Atlético Tricordiano) permite a conservação de documentos e lembranças dos anos 40.
Mas a herança oral começa a ficar confusa. Para isso, pesam duas questões: a idade avançada de boa parte das testemunhas daquele período e a escassez de parentes próximos ao Rei na cidade. Os familiares mais ligados a Pelé em Três Corações são dois primos de primeiro grau: Jorge, que durante a semana carregava uma camiseta autografada por ele, e Terezinha.
Há mais parentes dele, por exemplo, em Volta Redonda (RJ) do que na cidade mineira. É o caso de Severino Gonzaga, o Biroca, primo de Pelé. Ele tem a mesma idade do ex-jogador. Viveu na mesma casa. Brincava com ele nas jabuticabeiras.
- Meu avô vendia lenha e tinha carroças. Lembro das jabuticabeiras no quintal. Cada um de nós tinha a sua e só podia brincar nela.
Os familiares de Pelé rumaram de diferentes cantos do Brasil para a inauguração da réplica da casa em Três Corações. Eles ficaram no mesmo hotel, almoçaram juntos, foram juntos para os eventos. Muitos aproveitaram para guardar alguma relíquia do parente famoso. Biroca tem autógrafos do ex-camisa 10 em duas bolas.
A casa
Pelé comemoração Três Corações especial (Foto: Alexandre Alliatti / Globoesporte.com)
O primeiro lar de Pelé foi erguido em menos de dois anos. Custou cerca de R$ 200 mil - detentos ajudaram na obra. Para que a construção fosse fiel, o cenógrafo Keller Veiga, da TV Globo, ouviu depoimentos da mãe de Pelé, dona Celeste, e de Jorge, tio dele. Não havia registro fotográfico da casa.
Com os relatos deles, foi possível recuperar detalhes do local: a distribuição dos quartos, os quadros, o berço, o fogão à lenha na cozinha. Tudo foi perdido com o tempo. Menos as jabuticabeiras, que seguiram lá, centenárias, com os mesmos galhos nos quais se penduraram as pernas que mais alegrias deram aos brasileiros.
galeria Pelé Três Corações Casa infância (Foto: Editoria de Arte / Globoesporte.com)

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

'Radicalmente contra cambistas', Fred depõe sobre repasse de bilhetes

Fred Delegacia (Foto: Rafael Cavalieri / Globoesporte.com)

Artilheiro tricolor, Fred foi intimado a depor, na tarde desta quarta-feira, na 15ª DP, na Gávea, Zona Sul do Rio de Janeiro. O motivo é a investigação que apura o repasse ilegal de ingressos de cortesia destinados ao Fluminense a cambistas. O atacante chegou ao local por volta das 15h, acompanhado da gerente jurídica do clube, Roberta Fernandes, e do advogado Pedro Maurity.
Ao deixar o local, Fred explicou que recebe uma cota de ingressos por partida e os repassa aos seus familiares e doa os que sobram para torcedores comuns. Segundo ele, alguns caíram nas mãos de cambistas. O atacante fez questão de ressaltar que é "radicalmente contra" a prática ilegal.
- Recebo uma cota de ingressos em todos os jogos. Na maioria deles, quem usa é minha família e meus amigos. Neste dia, dei, como costumo fazer com os que sobram, para crianças, idosos, homens, mulheres, torcedores normais, e, por acaso, um deles caiu nas mãos de cambistas. Fiquei sabendo e vim aqui prontamente explicar a situação. Faço questão de deixar claro que sou radicalmente contra cambistas.
No dia 29 de agosto, antes do empate por 1 a 1 com o Corinthians, no Engenhão, quatro pessoas foram detidas pelo Núcleo de Apoio aos Grandes Eventos da Polícia Civil do Rio de Janeiro com 26 ingressos de cortesia, que pertenciam a torcidas organizadas, departamento técnico, Polícia Militar e diretoria. Algumas das entradas que estavam em posse dos cambistas foram dadas pelo clube ao camisa 9. Na ocasião, a diretoria tricolor emitiu nota prometendo apurar internamente o vazamento desses bilhetes.
Por causa do tempo ruim, Fred e o restante do elenco do Fluminense treinaram apenas na academia das Laranjeiras nesta quarta-feira. Líder isolado do Campeonato Brasileiro, o Tricolor volta a campo no próximo domingo para enfrentar o Flamengo, às 16h (de Brasília), no Engenhão, pela 27ª rodada da competição nacional.
O clube divulgou uma nota oficial sobre o assunto:
Em relação à apreensão de ingressos de cortesia da partida contra o Corinthians (29/8), o Fluminense Football Club reitera que tem colaborado desde o início com a investigação da polícia. O clube lembra que só foi possível verificar a origem do desvio porque a atual gestão passou a identificar, nos próprios ingressos, os beneficiados com as cortesias, justamente para facilitar o trabalho da polícia nesses casos. O Fluminense foi o primeiro clube do Rio a identificar as cortesias dessa forma.
Após o episódio, o clube criou mais um mecanismo interno de controle. Cada pessoa que recebe cortesias assina um termo individual para aquele jogo, se responsabilizando a não revendê-las, de acordo com os artigos do Estatuto do Torcedor que tratam do assunto.

domingo, 23 de setembro de 2012

Jones aparece de tipoia após UFC 152 e admite: pensou que perderia luta

Jon Jones de tipoia após UFC 152 (Foto: Reprodução/Youtube)


Cerca de meia hora depois de derrotar Vitor Belfort por finalização no quarto round pelo UFC 152Jon Jones apareceu na coletiva de imprensa pós-luta em Toronto, Canadá, com uma tipoia para segurar o braço direito. O campeão dos pesos-meio-pesados disse que ainda não tinha passado por exames de raios-X, mas que sua equipe suspeitava de danos aos nervos do bíceps. O presidente do evento, Dana White, anunciou durante a entrevista que Jones iria para um hospital ser examinado logo após terminar de responder às perguntas dos jornalistas.
Quando subiu ao palco de tipoia, Jones ouviu uma piada de White:
- Mais um lutador lesionado, que ótimo! - disse o presidente, fazendo graça da onda de lesões que assola o UFC nos últimos tempos.
A chave de braço aplicada por Vitor Belfort no primeiro round foi mesmo apertada. O brasileiro chegou a envergar o braço de Jones e disse que, ao sentir que a articulação do adversário estava estalando, instintivamente afrouxou a pegada, o que pode ter ajudado o americano a escapar. Ao ser informado da declaração do brasileiro, o campeão admitiu que já estava se conformando com a derrota quando foi pego por Belfort.
UFC 152 JOn jones e vitor belfort (Foto: Agência Getty Images)
- Isso só mostra que tipo de pessoa ele (Belfort) é. Ele é uma pessoa fenomenal. Realmente o respeito, é uma pessoa incrível e estou honrado em enfrentá-lo. Se ele aliviou um pouco a pressão, tenho que tirar o chapéu para ele, é uma pessoa de classe. Houve um momento em que pensei que ele poderia ter estendido ainda mais, em 25 anos não tinha sentido nada daquele jeito. Eu estava conformado com aquilo, estava pensando que não acreditava que ia perder daquele jeito. Depois, quando soltei, fiquei com o braço dormente e não tinha força no soco - afirmou Jones, que disse ainda ter agradecido a Deus por ter escapado da posição, antes do segundo round.
O momento de desvantagem também abriu os olhos de Jones para uma deficiência em seu jogo: o jiu-jítsu. O campeão jurou que vai praticar mais a "arte suave".
- Acho que tive um desempenho bom, mas ainda há muito espaço para melhorar. Vitor me deu trabalho e tenho que trabahar mais, tenho que melhorar meu jiu-jítsu. Sou apaixonado por todas as artes marciais e tenho que melhorar meu jiu-jítsu. O ground and pound foi bom, golpeei bem - analisou.
Jones ainda comentou sua decisão de entrar ao som da música "Could you be loved" ("Poderia você ser amado"), de Bob Marley, numa clara brincadeira com as vaias e críticas que vem recebendo nos últimos meses, intensificadas após ser preso por dirigir embriagado e pela recusa a enfrentar Chael Sonnen com oito dias de sobreaviso, que resultou no cancelamento do UFC 151.
- Eu amo ele (Bob Marley). Sabia que eu seria vaiado, mas achei que a galera não ia conseguir me vaiar ouvindo Bob Marley. Acho que funcionou. Continuo tendo meus fãs, e sempre vai ter gente torcendo por mim e gente tentando me ver cair, tenho que focar em quem está torcendo por mim.